Na segunda-feira passada (09/03) a Presidente Dilma sancionou a Lei nº 13.104 que tornou qualificado o homicídio de mulheres por razões “da condição do sexo feminino”.
Uma semana depois, ontem (16/03), a mesma Presidente afirmou que “a corrupção não só é uma senhora bastante idosa neste país, como ela não poupa ninguém.”
As mulheres se sentiram mais protegidas, a partir da nova lei. O Congresso aprovou e a primeira mulher Presidente, sancionou a lei mais rigorosa.
Em seguida, ela vem a público e compara a corrupção a uma mulher, e, mais grave, idosa.
João Santana terá sido o autor da idéia, ou ela nasceu da própria Presidente?
Não gostei da imagem. Ofendeu não só as mulheres, mas, principalmente, as idosas.
Para afirmar que a corrupção é uma coisa antiga, não precisava compará-la às senhoras idosas. Tampouco acrescentar que, além de senhora e de idosa, ela não poupa ninguém. Seria uma bruxa? Também as bruxas são do sexo feminino.
Dilma equiparou a corrupção ao gênero feminino. Não precisava.
Aí fiquei pensando: matar a corrupção (uma senhora idosa) seria feminicídio?
Lembrei-me de Augusto dos Anjos: a mão que afaga é a mesma que apedreja.
Ney Moura Teles é advogado, formado, em 1984, pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da USP. É professor licenciado de Direito Penal do UniCEUB (Centro Universitário de Brasília). Ministrou as disciplinas de Direito Penal I e Direito Penal III. É autor de “Direito Penal”, publicado originalmente pela LED – Editora de Direito, e depois pela Editora Atlas, e adotado em inúmeras faculdades de Direito do país. Foi professor na Escola Superior da Magistratura do Estado de Goiás, na Escola Superior de Magistratura do Distrito Federal e no Instituto Processus, em Brasília.
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